As eleições presidenciais nos Estados Unidos, tradicionalmente focadas em temas como economia e segurança, agora incluem um novo protagonista: as criptomoedas. O Bitcoin e outras moedas digitais ganharam destaque após o ex-presidente Donald Trump, que antes criticava o setor, passar a apoiá-lo. Em 2021, Trump descreveu o Bitcoin como uma “farsa”, mas recentemente participou de eventos cripto e prometeu, se eleito, manter reservas de Bitcoin nos EUA, uma proposta que gerou críticas.
Por outro lado, a candidata democrata Kamala Harris ainda não se posicionou oficialmente sobre o Bitcoin. O Partido Democrata, em geral, não é bem visto pelos entusiastas das criptomoedas, principalmente devido às ações da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e ao veto do presidente Joe Biden a uma resolução que permitiria a custódia de criptoativos por bancos.
A SEC, por exemplo, processou a Coinbase, uma das maiores exchanges de criptomoedas, por supostas violações das leis de valores mobiliários. Fábio Plein, diretor da Coinbase no Brasil, afirmou que a empresa tentou colaborar com a SEC para criar regulamentações sensatas, mas não obteve resposta. Apesar dos desafios legais, a Coinbase mantém uma postura apolítica, ao contrário de outros players do setor, como os irmãos Winklevoss, que doaram milhões para a campanha de Trump.
A questão das criptomoedas é uma rara área de consenso bipartidário nos EUA. Plein destacou que o futuro das criptomoedas no país depende da eleição de candidatos que apoiem políticas justas e responsáveis para o setor. Ele acredita que os democratas têm a chance de se reposicionar, especialmente com a candidatura de Kamala Harris.
Grupos de pressão têm incentivado o Partido Democrata a adotar uma postura mais favorável às criptomoedas. O Monetary and Financial Institutions Forum (OMFIF) alertou que Harris precisa definir sua agenda para criptoativos ou corre o risco de perder terreno para os republicanos.
O apoio de Trump ao Bitcoin já impactou o mercado. O banco Standard Chartered prevê que o preço do Bitcoin pode atingir US$ 100 mil se Trump vencer, um aumento significativo em relação aos valores atuais. A corretora Bernstein também observou que o Bitcoin é visto como um “Trump Trade”, com seu valor flutuando conforme as chances de vitória de Trump aumentam.
Alex Carvalho, analista da CM Capital, concorda que a vitória de Trump poderia acelerar a valorização do Bitcoin. No entanto, ele ressalta que uma vitória de Harris não significaria o fim das criptomoedas, mas sim um crescimento mais controlado. Outros fatores, como políticas monetárias e incentivos fiscais, também influenciarão o mercado cripto.
